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:: DESIERTOS LITORALES

Benguela: Um ambiente único
A região da Corrente de Benguela encontra-se situada ao longo da costa da África austral, estendendo-se desde o Cabo da Boa Esperança no sul, para norte até Cabinda, em Angola, e abrangendo toda a extensão do ambiente marinho da Namíbia.
É um dos quatro principais ecossistemas de afloramento costeiro no mundo que se encontram nos limites orientais dos oceanos. As suas batimetria, hidrografia, química e trofodinâmica distintivas combinam-se para transformá-la numa das áreas oceânicas mais produtivas do mundo, com uma produtividade primária anual média de 1-2g C m-2y-1 (Brown et al. 1991) - aproximadamente seis vezes mais elevada do que o ecossistema do Mar do Norte.
A Corrente de Benguela suporta um reservatório global importante de biodiversidade e biomassa de zooplâncton, de peixes, de aves e mamíferos marinhos, enquanto que os sedimentos, perto e ao largo da costa possuem ricos depósitos de minerais preciosos (particularmente diamantes) bem como reservas de petróleo e de gás.
A beleza natural das regiões litorais, muitas das quais ainda virgens segundo os padrões universais, permitiu também o desenvolvimento significativo do turismo em algumas áreas.
A poluição das indústrias, a má planificação do desenvolvimento e gestão da costa bem como das actividades no litoral, estão, entretanto, a causar uma rápida degradação dos habitats litorais vulneráveis em algumas áreas.
O Deserto do Namibe, que forma a fronteira terrestre da maior parte do Sistema da Corrente de Benguela, é um dos desertos mais antigos do mundo, antecedendo ao começo do sistema de afloramento persistente na região de Benguela (12 milhões de anos atrás) pelo menos 40 milhões de anos.
O sistema de afloramento na forma que o conhecemos presentemente tem aproximadamente 2 milhões de anos.
O princípio do centro de afloramento do Sistema de Benguela, que se situa perto de Lüderitz, no sul da Namíbia, é o mais concentrado e intenso jamais encontrado em todos os regimes de afloramento.
O que torna também o fenómeno de afloramento de Benguela e o sistema adjacente à costa assim original no contexto global é o facto de estar limitado nas suas extremidades norte e sul por sistemas de água quente, i.e. o Atlântico Ocidental tropical/equatorial e a Corrente das Agulhas do Oceano Índico, respectivamente (Shannon e Nelson 1996). Nessas fronteiras do sistema de afloramento, existem gradientes horizontais distintos (frentes), mas esses indicam uma variabilidade substancial no tempo e no espaço - às vezes pulsando em fase e noutras não.
A interacção com os sistemas adjacentes do oceano ocorre ao longo de milhares de quilómetros. Por exemplo, grande parte do ambiente marinho de Benguela, em particular ao largo da Namíbia e de Angola, é naturalmente hipóxico - anóxico mesmo - no fundo, como consequência do fluxo das correntes sub superficiais do Atlântico tropical em direcção ao sul (cf. Bubnov 1972: Chapman e Shannon 1985; Hamukuaya et al. 1998). Isto resulta do esgotamento do oxigénio por meio de processos de deterioração biológica mais localizados.
Há também teleconexões entre o sistema de Benguela e os processos nos oceanos do Atlântico Norte e Indo-Pacífico (por exemplo, El Niño). Além disso, a zona Austral de Benguela situa-se num grande ponto de estrangulamento da “Correia de Transmissão do Clima Mundial” em que numa escala temporal mais ampla, as águas quentes da superfície se movem do Pacífico através do Oceano Índico para o Atlântico Norte. (o Atlântico sul é o único oceano em que há um transporte líquido de calor para o equador!).
Não é somente Benguela que está numa posição crítica em termos de sistema global de clima, mas seus ambientes marinho e costeiro estão também potencialmente extremamente vulneráveis a qualquer alteração futura do clima ou crescente variabilidade no clima - com consequências óbvias para a gestão sustentável da costa e dos recursos marinhos a longo prazo.

Fronteiras externas e internas do Grande Ecossistema Marinho da Corrente de Benguela, características batimétricas e das correntes da camada superior de superficie (clique no mapa para ver uma versão ampliada; existe uma opção para “expandir para o tamanho normal ").
Fonte: O’Toole, M.J., Shannon, L.V., de Barros Neto, V., and Malan, D.E. 2001. Gestão Integrada da Região da Corrente de Benguela. In: Science and Integrated Coastal Management, ed. B. von Bodungen and R.K. Turner, pp. 231-253. Dahlem University Press
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